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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Perdão

Olho para ti e vejo o que a mágoa fez a tão belo rosto!Olho para a imensidão vazia do teu peito e encontro o que de amor restou. Mas na tristeza desse teu olhar vago, que se perde, não encontro nada e acabo me perdendo também!É névoa, nuvem negra no horizonte, chuva que cai e magoa, choro que grita e sufoca.Peço que o céu se abra em luz, mas é contínua a sua condição. Não choro, rogo ou clamo, apenas ouço o vento e finjo.Queria aproximar-me e tocar levemente acariciando o veludo da atmosfera, mas fica só a saudade de o fazer, e os teus vestígios de névoa.Procuro sair, desencontrar o destino, ou até mesmo perder-me sem chance de ser encontrada, mas tão longe de lá fica o sonho, que caio angustiada.É....quem diria que eu escrevesse sobre ti no agora.Quem acharia que se passasse pela mente inóspita, o brilho da censura do teu braço. Quem diria....que lamentaria em vão as tuas vagas palavras....Não sofro mais. Pois de mim ressurge um amanhecer que nutri sem ti.De longa jornada, cativada pelo teu afastamento.É....quem diria...que me esqueceria desse teu doce cantar....hoje nada resta de ti de mau para lembrar.

****

Não sou mais quem fui.Talvez não mais o que sou, resumo de mim: terra e pó, em água - lama. Barro que se molda, enfraquece, se torna vaso, rosa, imagem, nas mãos do oleiro. Em fim, resta nada, faceta isenta, só. Objecto, vida fantasiada em circulo.Gosto, gota de água que evapora, se esgota, não humedece, mas desce,descede novo ao mar, sem lar, sem rumo.Fumo.Nuvem pássaro, nuvem alazão, nuvem que negra, não se fere, magoa ao fundo a sombra do brilho.Não há lua, não há sol, só o mar, que se estende, mente, enrola a areia em seus dedos, sufocando as pedras contra o peito.Dói.Mais que a perfuração a adoração, do vento que angustiado uiva pelo abismo.Sismorisco, que rompe a terra, o pó, vertendo o mar, arrefecendo o núcleo, o pulso, a melodiaais de sinfoniacantoria.

***

Só.
Depositando o que quero esconder, na certeza do que quero guardar, terno em mim, no aconchego das palavras na mente.
Os lábios reflectem o silêncio que transborda na alma, que grita e não encontra a lágrima que faça a dor cair, desaparecer na magia do mar, deste mar, na vida, doce e calmo, que nos embala com saudade.
Só.

**

Noite negra.
Dia negro.
Que não passa.
Escassa a história.
A memória.
A certeza.

Fraco está o sorriso, a alma de esperar; de duvidar perante a certeza.
E as lágrimas não são consolo, e a dor aperta no peito inseguro
Que procura segurança,
Cais.
Então, não mais apartar.

É noite negra,
Dia que não passa,
Esta madrugada.

*

Até que não se tenha mais o que dizer.
Até que palavras sejam nada, e o nada seja tudo o que se tenha a dar.
Os momentos serão amostras de tempo esquecido, levado pelo vento.
As certezas sinais que se vão perdendo.
O que restará do que poderia ter sido e não poderá, talvez, ser mais?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

1:

-Atenção querido passageiro!
-porquê?!
- Nada é mais que uma passagem!
Ele olhou-a.
- E?
- Não vale a pena se esforçar por aqui, nem tão pouco querer levar um pedaço!- a velha sorriu-lhe mas ele ignorou o sorriso.
- Não pretendo levar um pedaço. - afirmou seguindo caminho embrenhando-se mais na floresta. Já afastado da velha suspirou - um pedaço só não chega! - o vento levantou e ele manteve-se cabisbaixo, acabando por se sentar ali mesmo, no meio do caminho de terra recalcado pelos animais. Cobriu o rosto com ambas as mãos deixando que o seu coração fala-se só para ele a sua verdade.Pouco depois ela aproximou-se dele e ajoelhou-se.
- Senhor estais bem? - ele ergueu o olhar para a ver mas levantou-se de tal forma brusca que a fez recuar.
- É altura de nos colocarmos a caminho camponesa.
Ela manteve-se calada e seguiu-o.
Estivera ele novamente a falar com as árvores?